Orientação e acolhimento digital
O crescimento do uso de redes sociais e aplicativos entre crianças e adolescentes trouxe uma nova forma de violência que preocupa pais e educadores: o cyberbullying. Essa prática ocorre quando ofensas, humilhações ou ameaças são feitas no ambiente digital, por meio de mensagens, postagens, comentários, vídeos ou grupos de conversa. Diferente do bullying tradicional, que se limita ao espaço físico, o cyberbullying ultrapassa os muros da escola e invade o cotidiano da vítima, que pode ser atacada a qualquer hora, em qualquer lugar.
A característica mais grave desse tipo de agressão é a sua continuidade. Uma vez publicada, uma ofensa pode ser compartilhada por dezenas de pessoas e permanecer online por tempo indeterminado. O alcance e a permanência tornam o impacto emocional ainda mais forte, principalmente entre os jovens, que sentem vergonha, medo e ansiedade diante da exposição.
Como o cyberbullying afeta crianças e adolescentes
Os efeitos psicológicos do cyberbullying são intensos. A vítima costuma se sentir isolada, impotente e envergonhada, o que pode gerar reações como irritabilidade, queda no desempenho escolar, falta de apetite, insônia e recusa em frequentar a escola. Casos mais graves podem evoluir para depressão, automutilação e até pensamentos suicidas.
O ambiente virtual, muitas vezes sem limites claros, potencializa o sofrimento. Quando a agressão vem acompanhada de exposição pública — como fotos, vídeos ou boatos — a dor emocional se torna ainda mais profunda. Crianças e adolescentes podem desenvolver medo de se conectar, apagar perfis, evitar amigos e até perder o interesse por atividades que antes gostavam.
A tecnologia amplia a voz de quem pratica a violência e, ao mesmo tempo, silencia a vítima. Esse contraste faz com que o apoio familiar e o acompanhamento emocional se tornem fundamentais. “As crianças precisam saber que não estão sozinhas e que o erro nunca está em quem sofre o ataque, mas em quem pratica a agressão”, afirma Cleunice Fernandes, coordenadora geral do Colégio Alternativo, de Sinop (MT).
Sinais de alerta que os pais devem observar
O comportamento da vítima costuma mudar de forma perceptível. Se a criança ou adolescente passa a evitar o uso do celular, demonstra tristeza repentina após acessar a internet ou se afasta dos amigos, é preciso atenção. Alterações no sono, no apetite e nas notas escolares também podem indicar que algo está errado.
Muitos jovens não contam o que estão vivendo porque temem ser punidos, julgados ou perder o acesso às redes. Por isso, o diálogo aberto e sem acusações é o primeiro passo para a prevenção. Criar um ambiente de confiança, onde o filho possa relatar o que acontece sem medo, é essencial para que ele se sinta acolhido e protegido.
Outro ponto importante é manter uma rotina de acompanhamento saudável do uso da internet. Isso não significa vigilância extrema, mas sim interesse e presença. Conversar sobre o que ele vê, com quem interage e quais conteúdos consome ajuda a identificar comportamentos suspeitos ou situações de risco.
O que fazer quando o cyberbullying acontece
Ao perceber que seu filho está sendo vítima, a atitude mais importante é agir com calma e empatia. O acolhimento vem antes de qualquer outra medida. É fundamental deixar claro que a culpa não é dele e que a família vai cuidar do caso com seriedade.
Depois do acolhimento emocional, os pais devem reunir provas das agressões — capturas de tela, mensagens, links e perfis dos agressores —, evitando responder diretamente às ofensas. Esse material pode ser usado em denúncias e registros oficiais. Caso as agressões envolvam colegas de escola, é importante comunicar a instituição para que ela também possa agir preventivamente.
“Quando a escola é informada com clareza, consegue agir com mais rapidez e cuidado, oferecendo apoio emocional e orientação aos envolvidos”, explica Cleunice Fernandes. Ela destaca que, além de lidar com o caso específico, é importante promover conversas educativas sobre respeito e responsabilidade digital entre os estudantes.
Nos casos mais graves — como ameaças, divulgação de imagens íntimas, chantagem ou perseguição —, é recomendável registrar boletim de ocorrência. A legislação brasileira reconhece o cyberbullying como forma de violência e prevê punições aos responsáveis.
O que diz a lei brasileira
O Brasil possui instrumentos legais que amparam as vítimas de cyberbullying. O Código Penal enquadra a prática nos crimes contra a honra, como injúria, calúnia e difamação. A Lei 13.185/2015, conhecida como Lei de Combate à Intimidação Sistemática, considera o cyberbullying uma forma de violência e prevê medidas educativas e punitivas para combatê-lo.
Outro ponto importante é o artigo 218-C do Código Penal, que trata da divulgação de imagens íntimas sem consentimento. Esse crime, conhecido popularmente como “revenge porn”, prevê pena de reclusão e é uma das formas mais graves de exposição digital.
Essas leis reforçam que a internet não é uma terra sem regras. Mensagens ofensivas, montagens, comentários humilhantes e compartilhamentos indevidos têm consequências legais e podem ser denunciados.
A importância da prevenção e da educação digital
A melhor forma de combater o cyberbullying é agir antes que ele aconteça. A educação digital deve começar em casa, com conversas francas sobre respeito, empatia e privacidade online. Ensinar desde cedo que nem tudo pode ser publicado e que o outro deve ser respeitado mesmo no ambiente virtual é uma lição que evita muitos conflitos.
As famílias também podem orientar os filhos sobre boas práticas digitais, como não compartilhar senhas, desconfiar de mensagens suspeitas e não enviar fotos pessoais a desconhecidos. Incentivar o uso responsável das redes e supervisionar o tempo de conexão ajudam a criar uma relação mais equilibrada com a tecnologia.
A escola, por sua vez, tem papel decisivo nesse processo. Quando o tema é discutido em sala de aula, com atividades que envolvem empatia, convivência e cidadania, os alunos aprendem a reconhecer os limites e as consequências de seus atos. Mais do que proibir, o objetivo é ensinar o uso consciente da internet, formando cidadãos capazes de interagir com respeito e responsabilidade.
Como acolher a vítima
A criança ou o adolescente que sofre cyberbullying precisa ser ouvido com paciência e atenção. Interromper o ciclo de agressões é fundamental, mas o suporte emocional é igualmente importante. A terapia psicológica, por exemplo, pode ajudar a restaurar a autoconfiança e a reorganizar o equilíbrio emocional.
Em casa, o diálogo deve continuar constante. É preciso reforçar que ela não está sozinha, que pode contar com os adultos e que existem caminhos legais e seguros para resolver o problema. Acolher sem minimizar a dor é um gesto que devolve à vítima o sentimento de segurança.
O acompanhamento deve incluir também a observação das reações cotidianas. Se a criança continuar retraída, sem vontade de sair ou interagir, o acompanhamento psicológico torna-se indispensável. A violência digital pode deixar marcas duradouras, mas o apoio contínuo da família faz diferença no processo de recuperação.
O papel das redes e da sociedade
As plataformas digitais também têm responsabilidade na prevenção do cyberbullying. A maioria delas oferece recursos de denúncia, bloqueio e exclusão de conteúdos ofensivos. Os pais e os próprios jovens devem aprender a usar essas ferramentas sempre que se depararem com situações de violência virtual.
A sociedade como um todo precisa reconhecer que o ambiente online reflete comportamentos do mundo real. Promover empatia, respeito e solidariedade nas interações digitais é uma forma de construir uma cultura de convivência mais saudável. Combater o cyberbullying não é apenas reagir às agressões, mas cultivar diariamente valores que impeçam que elas aconteçam.
O cyberbullying é uma das formas mais cruéis de violência entre jovens, porque atravessa fronteiras e alcança as vítimas em seus espaços de intimidade. Combater esse problema exige diálogo, atenção e ação conjunta entre família, escola e sociedade.
Quando os pais se mantêm próximos, observam os sinais e acolhem com empatia, tornam-se o principal suporte para a recuperação emocional dos filhos. A escuta ativa, a orientação sobre o uso responsável da internet e o fortalecimento da autoestima são caminhos eficazes para proteger e reconstruir a confiança das vítimas.
Para saber mais sobre cyberbullying, visite https://www.todamateria.com.br/cyberbullying/ e https://mundoeducacao.uol.com.br/sociologia/cyberbullying.htm
O valor dos professores na formação de cada geração
O Dia do Professor, celebrado em 15 de outubro, é uma oportunidade para lembrar da influência que esses profissionais exercem na vida de cada estudante. Não se trata apenas de um marco no calendário escolar, mas de um momento para refletir sobre a dedicação, o esforço diário e o papel central que os docentes ocupam no desenvolvimento humano e social.
Pais e alunos podem aproveitar essa ocasião para reconhecer que o aprendizado vai além de fórmulas e conteúdos. O professor constrói relações, inspira atitudes e desperta curiosidades que acompanham os estudantes ao longo da vida. Esse impacto não termina com a aprovação em provas, mas se prolonga em escolhas pessoais e profissionais que carregam a marca do educador.
A presença que deixa marcas
Muitos adultos, ao recordar sua infância, não lembram exatamente das páginas do caderno, mas recordam o professor que acreditou neles, que mostrou paciência ou que incentivou uma pergunta desafiadora. O valor da profissão está justamente nisso: transformar momentos comuns de sala de aula em lembranças que moldam personalidades.
O respeito transmitido, a forma como cada dúvida é acolhida e a sensibilidade diante das diferenças fazem parte desse legado. Um professor que demonstra entusiasmo, disciplina e solidariedade ensina muito mais do que conteúdos — transmite valores que se refletem em toda a comunidade escolar. “Celebrar o Dia do Professor é reconhecer que esses profissionais exercem uma influência que ultrapassa o espaço da sala de aula”, destaca Cleunice Fernandes, coordenadora geral do Colégio Alternativo, de Sinop (MT).
Desafios enfrentados no cotidiano
Apesar da importância evidente, a profissão de professor também carrega grandes desafios. As salas de aula de hoje são marcadas por diversidade de ritmos, novas tecnologias, exigências sociais e expectativas familiares. Cada turma traz consigo realidades diferentes, exigindo do professor adaptação constante, equilíbrio emocional e criatividade para engajar seus alunos.
Esse cenário torna ainda mais significativa a comemoração do Dia do Professor. É o momento de lembrar que, mesmo diante de dificuldades, esses profissionais mantêm o compromisso de ensinar, orientar e preparar seus estudantes para os desafios da vida. Reconhecer esses obstáculos é também reconhecer a resiliência e a dedicação que fazem parte do ofício docente. “Ser professor significa estar em constante aprendizado e, ao mesmo tempo, oferecer apoio a cada criança e jovem. É um trabalho que exige entrega e paixão pela educação”, afirma Cleunice Fernandes.
A parceria entre família e professor
O Dia do Professor não deve ser visto apenas como um dia de homenagens individuais, mas também como um convite para fortalecer a relação entre família e escola. Quando os pais compreendem o esforço diário dos educadores, passam a valorizar ainda mais o acompanhamento escolar e a apoiar o desenvolvimento dos filhos.
Esse vínculo gera um ambiente mais positivo para a criança, que percebe a sintonia entre os adultos responsáveis por sua educação. Além disso, estimula o diálogo e a colaboração, elementos fundamentais para que os estudantes cresçam com confiança e motivação.
Ao reconhecer o trabalho dos professores, a família contribui para que esses profissionais se sintam apoiados, fortalecendo a rede que sustenta a formação integral dos alunos.
O significado além da data
Mais do que comemorar em um único dia, a valorização docente precisa ser uma atitude permanente. Pequenos gestos de reconhecimento ao longo do ano — uma palavra de agradecimento, a participação nas reuniões escolares ou o incentivo aos filhos para respeitar seus educadores — fazem diferença.
Cada manifestação de respeito fortalece o entusiasmo dos professores e reforça a certeza de que sua dedicação tem resultados. Afinal, um bom professor não se limita a ensinar lições de matemática ou história, mas mostra como enfrentar desafios, respeitar o próximo e acreditar no próprio potencial.
O Dia do Professor, portanto, é um lembrete coletivo de que a educação se sustenta no empenho diário de homens e mulheres que acreditam na transformação por meio do conhecimento. Valorizar esses profissionais é valorizar a escola, a comunidade e o futuro.
Infância em foco com tempo, afeto e brincadeiras
Brincadeira diária organiza o pensamento, amplia repertório emocional e cria oportunidades reais de convivência. Em jogos de faz de conta, a criança experimenta papéis, elabora medos e exercita empatia. Em partidas no quintal ou no pátio, surgem combinados, turnos e negociações que preparam para decisões do dia a dia. Ao montar cabanas com lençóis, construir brinquedos com sucata limpa ou desenhar livremente, aparecem hipóteses, tentativas e comparações que sustentam a curiosidade e a autonomia. O Dia das Crianças é um lembrete para abrir espaço a essas experiências com intencionalidade e presença.
Brincar não interrompe o aprendizado, ele o alimenta. Ao narrar o que a criança faz, indicar estratégias e estimular novas tentativas, o adulto ajuda a transformar gestos em ideias, sentimentos em regras, desejos em responsabilidades. Nesse processo, criam-se bases sólidas para desenvolver atenção, memória, raciocínio e cooperação.
“Garantir tempo de brincar com propósito e liberdade é investir no desenvolvimento integral”, afirma Cleunice Fernandes, coordenadora geral do Colégio Alternativo, de Sinop (MT). “A criança precisa de experiências concretas para transformar curiosidade em conhecimento e vínculo em convivência.”
Escuta que acolhe
Escutar com atenção dá contorno às emoções intensas da infância. Olhar que encontra o olhar, corpo que se abaixa para conversar e voz que traduz sentimentos comunicam segurança. Diante de uma birra ou de um silêncio prolongado, funciona interpretar: “parece que você ficou frustrado”, “você queria continuar jogando”. Quando a criança se sente compreendida, fica mais fácil pensar na próxima ação.
Limites consistentes organizam a rotina e protegem relações. Regras claras sobre tempo de tela, horários de sono e convivência em família reduzem conflitos porque tornam previsível o que será esperado. A consistência não exige tom de bronca. Explicações breves e previsíveis ajudam: “falamos um de cada vez para todos serem ouvidos”, “guardamos os brinquedos antes do banho”, “se bater, paramos e conversamos para reparar”. A firmeza que mantém vínculo ensina responsabilidade sem medo paralisante.
O exemplo adulto dá o tom. A forma de enfrentar filas, prazos e frustrações vira referência. Ao respirar, nomear o que sente e propor saídas, o adulto mostra caminhos de autorregulação que a criança aprende observando.
Emoções nomeadas, autonomia construída
Nomear emoções transforma o turbilhão em algo pensável. Crianças pequenas sentem no corpo; traduzir em palavras — com calma e depois que a crise passa — facilita a autorregulação. Recursos simples funcionam: cantinho de calma com materiais sensoriais, livros com personagens que superam desafios, respirações lúdicas nas transições. O objetivo não é impedir que a criança sinta, e sim ajudá-la a atravessar o que sente sem machucar a si ou aos outros.
Autonomia aparece como sequência de pequenas responsabilidades. Escolher entre duas roupas possíveis, organizar os brinquedos, ajudar a pôr a mesa ou preparar a mochila com supervisão são tarefas que dão pertencimento e noção de cuidado com o coletivo. Valorizar processos — “você tentou de novo”, “contar devagar ajudou” — incentiva a persistência. Quando erra, a criança precisa de reparo simples e concreto: pedir desculpas, recolher peças espalhadas, combinar como evitar repetir o erro.
Educação digital com mediação presente
A infância também acontece no digital. Jogos e vídeos podem aproximar família e amigos, ampliar vocabulário e treinar coordenação, desde que haja mediação. Curadoria do conteúdo, tempos combinados e proximidade durante o uso reduzem exposição a estímulos inadequados. Transformar tela em experiência compartilhada — comentar o que foi visto, fazer perguntas, relacionar com vivências e propor uma brincadeira fora da tela — preserva o protagonismo da criança e dá sentido às descobertas. “Quando o adulto participa e compartilha a experiência digital, a criança aprende a fazer escolhas e a reconhecer limites”, observa Cleunice Fernandes.
A parceria família-escola dá estabilidade porque alinha expectativas e estratégias. Conversas com foco no desenvolvimento, trocas respeitosas sobre o que foi observado e abertura para ajustar combinados criam um circuito de cuidado coerente. A família traz a história e hábitos da criança. A escola oferece repertório pedagógico e mediações coletivas. Juntas, constroem intervenções realistas e eficazes.
Segurança que encoraja
Cuidar da segurança é parte do respeito ao ritmo infantil. Supervisão em parques e áreas com água, atenção à adequação de brinquedos por faixa etária e uso correto de capacete em bicicletas e patinetes são medidas que evitam acidentes sem tolher a exploração. O foco recai em prudência prática, não em alarmismo. Demonstrações curtas, combinados simples e repetição coerente constroem hábitos que a criança internaliza.
Respeitar ritmos não impede buscar apoio quando surgem sinais persistentes de sofrimento. Mudanças abruptas de humor, regressões marcantes, isolamento, queixas corporais frequentes ou recusa intensa de atividades antes prazerosas merecem atenção. Escola e família, juntas, podem avaliar a necessidade de ampliar a rede de cuidado com profissionais especializados. Intervenções precoces reduzem impactos e favorecem a retomada do bem-estar.
Celebração que vira rotina
O Dia das Crianças não precisa se reduzir a consumo. Memórias afetivas nascem de presença: um piquenique na sala, um circuito motor com cadeiras e almofadas, um teatro com meias, um álbum feito em conjunto, um passeio ao ar livre com caça a cores e formas, uma receita preparada em família. A lembrança que fica é a do adulto que estava ali de verdade, atento e confiável.
Ao transformar a celebração em prática cotidiana — abrir tempo para brincar, manter limites claros com carinho, escutar com curiosidade, valorizar diferenças — criamos o ambiente em que cada criança encontra seu ritmo, amplia sua autonomia e fortalece vínculos. Regras deixam de soar como ameaça e viram pontes. O brincar deixa de ser intervalo e vira linguagem de aprender.